Romance

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Romance

Amalia Rodrigues

Por noite dera truz-truz, bateram à minha porta:

– Donde vens, ó minha alma?

– Venho morta, quase morta!

Já eu mal a conhecia de tão mudada que vinha,

Trazia todas quebradas suas asas andorinhas.

Mandei lhe fazer a ceia do melhor manjar que havia.

– Donde vens, ó minha amada, que já mal te conhecia?

Mas a minha alma, calada, olhava e não respondia.

E nos seus formosos olhos, quantas tristezas havia.

Mandei lhe fazer a cama, da melhor roupa que tinha:

Por cima, damasco roxo; por baixo, cambraia fina.

– Dorme, dorme, ó minha alma. Dorme para te embalar.

A boca me está cantando, com vontade de chorar…


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