Jane Birkin, lenda da música e do cinema da França, morre aos 76 anos

Birkin conheceu o cantor e compositor Serge Gainsbourg (1928-1991) durante as filmagens de “Slogan”, filme de 1968. Começava ali uma parceria romântica e profissional que duraria mais de uma década – eles se separaram em 1980, e tiveram uma filha juntos, a também cantora e atriz Charlotte Gainsbourg, nascida em 1971.

Os dois gravaram uma das mais lendárias canções do século passado, a provocante, e escandalosa “Je T’aime… Moi Non Plus“. Um grande sucesso mundial, a faixa se tornou a primeira em francês a chegar ao topo da parada britânica. Lançada em 1969, á faixa se tornou uma das mais polêmicas já feitas, tendo sido censurada em diversos países, inclusive no Brasil, onde sua execução foi proibida nas rádios, o que não impediu que o compacto vendesse muitas cópias no país. Em 1976, Birkin estrelou o filme de mesmo nome que teve direção e roteiro de Gaisnbourg.

Em sua carreira, Jane lançou um total de 13 álbuns, o mais recente deles, “Oh! Pardon tu dormais…” saiu em 2020, um ano antes da cantora sofrer um derrame, ela também teve que lutar contra a leucemia no início deste século.

No cinema, Birkin trabalhou em mais de seis dezenas de filmes e foi indicada três vezes ao Cesar, o “Oscar da França”. Jane ainda foi a fonte de inspiração para um dos maiores ícones de status do mundo: a bolsa da Hermès chamada “Birking Bag”.

Muito rara, e cara, ela foi criada quando Jane estava em um avião com um chefe-executivo da marca ao seu lado. Após derrubar seus pertences no chão da aeronave, a cantora e atriz teria reclamado que não encontrava uma bolsa de couro grande o bastante para armazenar todas as suas coisas que lhe agradasse.

A “Birking Bag” começou a ser produzida em 1984, sempre em quantidades limitadas e com uma grande lista de espera para serem adquiridas. Elas não custam menos que US$11 mil (quase R$53 mil) e um modelo chegou a ser leiloado por US$380 mil (mais de R$1 milhão e 800 mil).

Em 2015, Birkin pediu que, por razões éticas, seu nome fosse retirado da bolsa, após saber que os crocodilos, cuja pele era usada em sua manufatura, sofriam maus-tratos nas fazendas de criação e que a não ser que novos métodos, alinhados com as normas internacionais, fossem, utilizados. A empresa assumiu o compromisso e pôde seguir usando o nome da artista.

Jane se apresentou em três ocasiões no Brasil, em 2004, 2008 e 2009. Nesta última vez, ela cantou o repertório de Serge Gainsbourg ao lado da Orquestra Imperial e de Jean-Claude Vannier, que arranjou e ajudou a compor as músicas de muitos do clássicos do compositor. Em um dos momentos mais emocionantes, ela dividiu o palco com Caetano Veloso em “Je suis venu te dire que je m’en vais“. Um retorno foi agendado para 2018, mas ele não se materializou.